quarta-feira, 4 de junho de 2008

bactéria que come plástico



O ser humano é pernicioso ao meio ambiente em diferentes graus. Isso todos nós sabemos. O problema é que nossa sociedade moderna é extremamente dependente do plástico e este tornou-se uma das maiores desgraças ambientais no nosso planeta.
No mundo dos dejectos plásticos, um dos grandes problemas ainda sem solução, são os sacos de plástico. Esses sacos do supermercado e usadas também como sacos de lixo. Fabricadas com uma fina (tão fina que quem faz compras precisa colocar duas ou mais se for levar um refrigerante de 2l, senão rebenta) folha de filme plástico. A desgraça é que as sacos são cada vez mais usados e assim sendo, eles vão parar em maior quantidade nos contentores de lixo, nos mares e nos rios. Eles praticamente não se degradam e entopem, poluem, matam e sufocam os pobres animais, como as tartarugas marinhas, que confundem sacos plásticos com águas vivas, o seu alimento. Uma baleia foi encontrada morta com mais de 100Kg de sacos plásticos no estômago.
Os aparentemente inocentes sacos de supermercado podem levar entre 100 a 200 anos para se decompor nos aterros sanitários. E as moléculas podem demorar até 1000 anos para se degradarem completamente. Agora imagine isso multiplicado pelas cerca de 500 bilhões destes sacos por ano.
Foi com isto em mente que um miúdo chamado Daniel Burd, de apenas 16 anos, resolveu tomar uma atitude. A idéia de Burd era apenas fazer um belo projeto para a feira de ciências nacional, que seria apresentada em Ottawa, Canadá.
Com bastante sacos plásticos em casa, Burd começou moendo os sacos até virarem um pó. Depois juntou água da torneira e fermento de pão. Ele misturou tudo isso com a terra do quintal para formar um substrato rico em nutrientes para o crescimento de bactérias diversas. Misturou bem e largou a gosma à própria sorte dentro de um recipiente a 30 graus. A cada 4 semanas o estudante removia uma amostra da mistura e colocava numa nova mistura preparada da mesma forma, com isso aumentando a concentração de bactérias.
Passados cerca de 3 meses, Daniel Burd filtrou a cultura bacteriana e colocou em 3 frascos contendo tiras com as mesmas dimensões feitas de sacos plásticos de supermercado. Como controle ele fez um quarto frasco com a cultura fervida (bactérias mortas). Em 6 semanas, as amostras de plástico nos frascos de cultura tinham perdido 17% de sua massa enquanto a amostra de controle continuava igual.
Daniel refinou o processo com o uso de cultura em Placas de Petri. Assim, ele acabou por descobrir 4 tipos diferentes de bactérias no solo e que duas delas funcionavam para degradar o plástico. Então ele juntou apenas as duas efectivas e a eficiência do processo subiu para 32% em 6 semanas. Um aficcionado pela aula de ciências, o miúdo resolveu adicionar um pouco de acetato de sódio para alimentar as bactérias. Como resultado, a 37 graus o consumo do plástico pelos micróbios subiu em eficiência para 43% em 6 semanas. Com esta taxa foi possível estimar que em pouco mais de três meses ele conseguiria que todo o plástico fosse degradado.
O objectivo de Daniel não era apenas que suas bactérias desmontassem o saco em pequenos pedaços ou moléculas de plástico, mas sim que destruissem o plástico completamente, do mesmo modo que aquele processo que podia até agora demoraria até 1000 anos. Daniel encurtou para 3 meses.
Não satisfeito, Daniel ainda testou o método em uma escala maior, com um balde cheio de sacos e o resultado prático foi o mesmo. Ele imagina que seguindo seu método deve ser simples reproduzir o sistema em escala industrial e com baixíssimo custo.
Foi assim que uma criança de apenas 16 anos abocanhou os 30 mil dólares de prémio mais um troféu, além do mais importante, bolsas e convites para estudos e o reconhecimento mundial por seu trabalho. Pessoalmente, eu acho que 30 mil dólares para um garoto que faz isso é pouco. Acho que os milionários do mundo deviam se unir e doar dez milhões de dólares para o Daniel pela sua contribuição para o planeta.
A depressão é imaginar que enquanto no Canadá um miúdo de escola faz isso para o projecto de ciências, em Portugal um miúdo da mesma idade tem só três pensamentos: Sexo, carros e futebol - não necessáriamente na mesma ordem.
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