quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Entender Gaia


A superfície da terra possui cicatrizes que são testemunhas de grandes acontecimentos históricos. Lindos oceanos, rios e lagos desapareceram, ou foram soterrados, como consequência da devastação maciça e indiscriminada. Assim, os desertos estendem-se, expostos e causticantes, incapazes de mascarar a deturpação que transformou recursos virgens e verdejantes em areia seca.

A história também deixou cicatrizes onde as guerras alteraram o curso dos acontecimentos e onde agora existem monumentos no lugar de homens. As catástrofes naturais fazem parte da evolução do planeta e ajudam a modelar a história.

Entretanto, muitos eventos não naturais causaram efeitos catastróficos sobre alguns movimentos da terra e alteraram significativamente o curso da história. Acontecimentos associados às condições económicas, por exemplo, são atribuídos tanto a causas naturais como a não naturais, e a história as registrará como polaridades, ou seja, os extremos da mesma coisa.

O sistema solar, do qual a terra faz parte, está pulsando na direcção de uma luz de grandeza diferente, alterando tudo e estimulando um salto evolucional, processo natural dentro do grande esquema de tempo, sob o qual os universos são medidos. Essa nova luz que estão prestes a vivenciar é de ordem cósmica, e apesar de não a conseguirem ver, a terra foi temporariamente envolta em sombras. A terra emergirá desta pálida condição, como sempre o fez, e a luz que havia turvado a visão límpida de um futuro iluminado voltará, abrindo os olhos de todos, mesmo daqueles que não a podem ver fisicamente. A terra é parte de um vasto sistema solar, poderoso e de difícil sondagem.

Os mercados económicos mundiais e as suas moedas fazem parte de um grande sistema também, vasto em extensão, inimaginável em poder e difícil de sondar. As marés dos oceanos sobem e descem inevitavelmente, e assim os líderes mundiais, as moedas e os mercados econômicos. O ritmo natural é perfeito, e relacionado com algo maior que apenas o momento actual.

Por outro lado, as moedas e os mercados são instrumentos artificiais e podem ser controlados (ou deixados de ser controlados) mais facilmente. Eles também seguem o ritmo perfeitamente compassado e pontuado por algo nunca visto. Gostaria que entendessem que essas forças, mesmo as naturais, podem ser influenciadas ou controladas até certo nível. Assim como a serpente que pode ser domesticada e hipnotizada mesmo enquanto uma multidão a observa.

O mesmo acontece com o mercado mundial neste momento, ele foi manipulado ao ponto de fazer muitos bens desaparecerem no ar. Mas nem todos os bens desapareceram, principalmente as fortunas daqueles que entendem como o sistema funciona.

O homem moderno acredita que, assim como seu destino, ele também controla sua riqueza, porém isso é parcialmente verdade. Existem sistemas, dos quais o homem faz parte, que exercem grande influência no mundo, e como o homem faz parte desse mundo, ele tanto participa como influencia tais sistemas.

Os sistemas bancário e financeiro em uso estão passando por uma crise orquestrada, uma queda organizada e cuidadosamente articulada que irá repaginar o mundo e aqueles que o governam. O homem controla uma parte do seu mundo, mas o mundo também o controla. O dinheiro que manipulam não lhes pertence, é emprestado. A casa que possuem lhes é concedida sob condições acima do seu controle. O homem não é soberano.

O homem moderno vive sob o mesmo sistema arcaico e esse sistema vive dentro dele. Existe algum modo de modificar isso? Sim, mas a humanidade precisa emergir da própria sombra. Não há como seguir um caminho de luz sem primeiro descobrir a luz dentro de si mesmo. As causas para o declínio da economia são tanto naturais como não.

As leis universais que controlam o ritmo das marés são as mesmas que asseguram que o pêndulo da fortuna controle o fluxo da riqueza. É a natureza fazendo o seu trabalho, como acontece com as estações, uma depois da outra infalivelmente, repousando e se preparando para um novo amanhecer. O oceano tem um fundo, às vezes de difícil estimativa devido à profundidade, mas que está lá servindo de suporte para tudo o que comporta.

A economia não tem tanta sorte assim. Sem uma base firme, é levada ao sabor das marés. Pelo menos por um tempo a economia continuará nessa marcha, e enquanto isso, é difícil construir um barco forte e rápido o suficiente para enganar as correntes. As marés arrastam muita coisa consigo, e o momento económico assemelha-se a isso de muitas formas.

As marés também devolvem itens perdidos ou relíquias esquecidas num passado distante. Assim, verdades cuidadosamente escondidas poderão emergir em momentos e lugares menos esperados. Poderão expor alguns jogadores ou peões do sistema, porém, os senhores e mestres do jogo dar-se-ão ao luxo de sacrificar muitos peões e ainda assim proteger suas fortalezas tão bem construídas.

O homem moderno precisa encarar as suas finanças e obrigações de maneira mais séria, e quem sabe assim chegar à conclusão de que ele é tanto um participante como observador desse jogo. Para alguns é melhor viver num mundo da ilusão do que encarar a realidade na terra. Como já mencionado, a economia global continuará navegando por mares de mudança e incerteza.

Líderes eleitos procurarão conselhos de especialistas e participarão de reuniões de apoio e de fortalecimento global com outros líderes mundiais. Da mesma forma que as cartas precisam ser baralhadas de tempo a tempo, haverá grandes mudanças na distribuição das riquezas que fará com que diferentes países se sobressaiam e outros encolham.

Nenhuma moeda corrente vale tanto quanto valia. Não valem tanto porque não estão lastreadas com algo de valor. A riqueza de algumas nações deixou de ser controlada por elas mesmas, e em alguns casos transferida para outros países ou para grandes conglomerados empresariais. Empresas que se misturaram em alianças torpes podem, em alguns mercados, emergir como heróis para salvaguardar governos da sua própria volatilidade.

Onde há fumaça há fogo, mas o medo do incêndio é maior. Algumas empresas serão vistas como estabilizadoras para os mercados e aproveitarão essa soberania. As empresas de grande penetração em diferentes países serão protegidas por leis internacionais assim como as embaixadas e os seus outorgantes são protegidos hoje.

Alguns países negligenciarão obrigações básicas e ficarão apenas observando, enquanto que a sua soberania é comprada ou anexada a outros países cujos recursos “em jogo” são maiores que os seus próprios. Alianças de negócios entre países se expandirão para outras áreas, pois os recursos serão barganhados em nome do fortalecimento dos posicionamentos globais.

Há muito tempo atrás, os homens disputavam as rotas de comércio e a descoberta de novos continentes em nome das corôas que representavam. Hoje, as corôas estão fora de moda e a maioria das terras teem posse. Os seus recursos foram convertidos em dinheiro ou financiamento de dívidas. Uma economia não pode crescer a não ser que haja mais espaço, e devido à actual distribuição isso é praticamente impossível, o que transforma novos recursos em necessidade.

A terra não possui novos recursos não detectados. Alguns deles estavam escondidos embaixo do gelo, perto dos pólos. Mas com o derretimento polar, já há planos de como e quando explorar tais recursos. Muitos países já enviaram missões exploratórias e iniciaram um processo de requerimento de direito sobre eles. Já há uma variedade de bandeiras fincadas no solo oceânico aguardando reconhecimento. Mas não existem precedentes pela reivindicação da posse do “gelo” ou do que potencialmente existe embaixo dele, mas algumas cabeças políticas já se preparam para competir por isso.

Pressupõe-se que nessa região haja recursos como gás e petróleo, mas haverá outras surpresas nessas áreas. Porém, nem todos os países ou economias terão acesso a esses recursos inexplorados e sabem que para descobrir um mundo novo é preciso quebrar barreiras e correr riscos inimagináveis. Os que não encontraram seus tesouros no fundo do oceano se voltarão para o espaço.

Muitos países, até aqueles não considerados “jogadores” na corrida pelo espaço, já lá estão.
Deixem de lado o conceito sobre missões exploratórias ao espaço e a planetas adjacentes e pensem na exploração desses novos e lucrativos recursos sobre a superfície da Lua ou Marte. É bem possível que contratos de exploração já estejam sendo articulados entre governos e o sector privado para transporte desses recursos, alojamento dos trabalhadores e outras coisas mais.

Algumas pessoas que recentemente perderam a confiança e o interesse no mercado de acções e das commodities ficarão estimuladas a investir nesse novo mercado espacial. Enquanto alguns se esforçam para proteger a sua riqueza aqui na Terra, outros estão projectando a sua futura fortuna e fincando suas bandeiras noutro lugar. “O céu é o limite” deixou de ser apenas um ditado.

Esse assunto poderia ser discorrido com maior profundidade, mas não é essa a nossa intenção de hoje. Os mercados e as moedas da Terra permanecerão voláteis e será difícil até para as mentes económicas mais brilhantes preconizar o futuro.

Não é um campo para amadores e os que estão acostumados com o jogo sabem disso. Quem não souber fazer o jogo, sairá queimado do processo.

À medida que as alianças entre os países progridem, haverá menos necessidade de diferentes moedas. O dinheiro em papel será cada vez mais desnecessário e por isso menos disponível. Novas formas de lidar com os créditos e débitos logo aparecerão. Como sempre acontece, haverá resistências a princípio. Mas com o aprofundamento da volatilidade, combinado aos muitos incentivos de consumo e uma campanha de confiança pública sem precedentes, transformará as novas escolhas num sucesso.

O mercado mundial de acções será totalmente renovado e revisto. Terá outro nome e será administrado de maneira diferente. Nem todas as empresas poderão emitir acções. As entidades de investimento privado representarão quem não pode participar em operações de grande monta.

Riscos maiores, como sempre, implicarão lucros maiores. O mercado ilegal será alinhado com o legal, em moldes que se assemelham hoje ao das apostas online. A bolsa de mercadorias continuará a atrair os investidores. O futuro de muitas commodities, incluindo as de produção agrícola, também será incerto.

Será um bom investimento para quem tem “estômago” para isso. Novas fontes de alimentos de origem natural e industrializados chamarão à atenção.

A queda da média de saúde dos indivíduos fará do mercado de suplementos um dos mais lucrativos, especialmente para casos em que a comunidade médica não conseguir diagnosticar ou curar. A relação entre os sistemas bióticos e abióticos será melhor entendido quando novas técnicas de manutenção e reconstrução de ecossistemas à beira da falência forem reveladas. As pessoas que lucram com a degradação desses sistemas continuarão a beneficiar com isso.

A evolução da consciência, quando muitos estão envolvidos, é lenta e a nova aurora distante. Muitos correrão atrás de comida e outros de dinheiro. Para ambos o custo de vida será alto. A fome e a sede vão se agravar, em particular para os países em desenvolvimento. Os países ricos tão pouco conseguirão abastecer toda a gente. Os que vivem abaixo da linha da pobreza permanecerão na miséria até se elevarem e pedirem ao seu Deus interior. Não encontrarão ajuda sem buscá-Lo.

As economias locais e global irão prosperar, se conseguirem encontrar uma base comum. A necessidade de todos deve ser considerada para não haver brechas e chances ao azar. As comunidades de economia aberta dar-se-ão melhor que as comunidades fechadas ao longo do tempo, mas não será a primeira escolha de muitos ao princípio.

O armazenamento de comida e outros recursos irá aplacar o físico, mas não o coração. Os corações alcançarão a terra de abundância, após cruzarem os desertos do medo e da escassez, pois o deserto abranda a fome com coragem e resistência. A falta de criatividade e de visão é o primeiro veneno. O medo o segundo e a ambição o terceiro. Certamente o futuro trará outros tipos. Mas para cada veneno, há um antídoto. É preciso primeiro identificá-lo e depois administrar a dose certa. Gostem ou não, a terra está se transformando mais rápidamente do que alguns imaginavam.

A humanidade precisa urgentemente de se reavaliar e de recriar-se criativamente ou o futuro pertencerá à próxima raça humana. A evolução é para todos, e todos são capazes de alcançá-la. Os antigos conceitos sob os quais a humanidade viveu ainda se aplicam, mas não por muito mais tempo.

É tempo de viver um novo sonho, pois os velhos são de um tempo que está se erodindo debaixo dos pés dos que insistem em agarrar-se a ele. As economias que valorizam a vida entrarão em equilíbrio mais rapidamente.

Não haverá nenhum valor herdado em dinheiro. Por isso a moeda sobe e desce e por isso o poder traz a felicidade temporária. A riqueza de uma nação recai sobre seus recursos naturais do qual a humanidade faz parte. Até, e somente, quando a vida humana e a vida em geral forem valorizadas com mais generosidade o mundo encontrará seu equilíbrio natural.

Antes dos céus caírem e tocarem a terra houve um som que lembra o silêncio. Aqueles que adentram ao silêncio se vêem no sonho da própria realização. O véu pálido que encobre esse sonho agora esvanece-se sinalizando que é tempo de viver um novo sonho. Esse mundo nada mais é que um sonho encantado, que vem a ser o céu na terra.

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