Imagine uma planície imensa e um grande lago no meio dela. Olhe bem para esse lago. Veja como ele é totalmente sereno, impassível, imóvel. Não há nada ao redor dele que possa perturbar sua tranqüilidade. Nesse lugar não existem árvores, não existe chuva, não existe vento, não existem animais que venham beber sua água, não existem aves que venham se banhar nele. E também não existem peixes, não existem sapos, não existe nada dentro do lago que possa criar o mais leve movimento em seu interior.
Imagine que VOCÊ é esse lago. Sinta como é ser perfeitamente estático e viver em total harmonia, apenas refletindo a luz do sol, o azul do céu, a luz da lua e as estrelas… Você é esse ser maravilhoso, onde reina a mais perfeita paz! Não existe absolutamente nada que possa perturbá-lo. Perceba como é ser completo em si mesmo. Você não precisa de ninguém nem de nada que o alimente, que o sustente… não precisa comer, não precisa beber, não precisa dormir, não precisa trabalhar… não precisa fazer nada…
E também não depende de ninguém nem de nada para ser feliz… Na verdade, você não é feliz nem infeliz, porque não tem esses sentimentos duais – você simplesmente é. E assim permanece nesse ETERNO instante em que vive… Poderíamos, inclusive, dizer que este é o Lago do Amor, ou o próprio Amor, porque o verdadeiro Amor é assim – completo em si mesmo, tranqüilo, sereno, abundante. Mas o Amor também é essencialmente CRIATIVO! Então, chega um momento em que você começa a sentir algo estranho… um certo desassossego… parece que, de repente, você começa a ficar meio cansado de estar sempre nesse mesmo estado e a sentir falta de alguma coisa, que você nem sabe exatamente o que é! Na verdade, você está sentindo uma grande necessidade de se EXPANDIR para além daquilo que já é! E esse desejo vai se tornando tão intenso, tão intenso, que acaba se materializando na forma de uma pequena bola no céu…
Veja essa bola no céu, bem acima do lago que você é. Quanto mais forte o seu desejo se torna, maior essa bola vai ficando. Ela cresce, cresce, cresce… até que se transforma numa espécie de meteoro imenso, que despenca do céu, mergulhando diretamente dentro das suas águas!
TCHIBUM! Nesse instante, aquela massa de água totalmente estática e una que você era, se divide em milhares e milhares de gotas, que voam para o céu e voltam a cair, espalhando-se por todo lado. Algumas voltam para o próprio lago, mas uma grande parte das gotas cai na terra, na planície ao seu redor. E essas que caem na terra levam o maior susto, porque, nesse momento, pela primeira vez em suas vidas, elas tomam conhecimento de si mesmas – elas se conscientizam de sua individualidade e sentem um grande vazio, uma grande solidão!
Imagine que VOCÊ é uma dessas gotas… você sabe que é uma gota, um ser individual, mas não se lembra que faz parte daquele lago, porque dentro dele você não tinha consciência dessa individualidade – VOCÊ ERA O TODO. Ao mesmo tempo, bem no fundo do seu coração, você sente falta desse todo amoroso, acolhedor, aconchegante, calmo, sereno e perfeitamente seguro em que você vivia… embora não saiba definir que lugar era esse, que estado era esse, você sente saudades.
E a partir desse momento, você inconscientemente COMEÇA A SUA BUSCA por alguma coisa que o leve de volta a esse estado de conforto, segurança, e paz. E assim começa a sua jornada nesta terra desconhecida… uma jornada solitária, porque mesmo encontrando outras gotas e interagindo com elas, sempre existe uma certa desconfiança entre vocês, um certo receio, pois vocês não têm idéia que são partes do mesmo lago, vieram da mesma fonte – vocês não se lembram que todas são gotas de Amor.
Agora, que você já se sentiu lago e já se sentiu gota, agora que você sabe que é uma gota, mas também é o lago, proponho que permaneça em silêncio por mais alguns instantes e tente sentir os motivos que o levaram a sair daquele estado de unidade, quietude e paz, e a se dividir em gotas de si mesmo.
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