quinta-feira, 29 de maio de 2008

O coitadinho


I. O português adora o “coitadinho”
A coisa funciona assim:
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Há cinco anos atrás, o vizinho do lado tinha um Mercedes, uma jeepola para mulher, os filhos andavam na “privada” – isto é, um filho da puta arrogante..Há um ano atrás, a firma do vizinho faliu, lá se foi o Jeep “Cheiraqui”, bem feito, para não ser cagarolas!.Encontrei hoje o meu vizinho ali no café. Até é um gajo porreiro, coitado. Não é que depois de viver tão bem até há um ano, tem uma reforma de merda? Tive pena do homem! Coitadinho…
.Resultado: O “coitado” cuja mulher se acoita em leito alheio, é visto – por entre sorrisos benevolentes – como “até é um gajo porreiro, coitado!”
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O “coitado” é sempre o nosso preferido, embora na prática possa até ser um cabrão igual ou pior do o que lhe acoita a mulher ou lhe malha no lombo, porque lá no íntimo, é no “coitado” que o portuga se revê.
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Por essas e por outras, é que não saímos da cêpa torta.
Tirado do blog http://www.garfos.letrascomgarfos.ne/


II. Sovina da alma :
Auto-depreciação valorizada e bem guardada!
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Pobre de mim, coitado de mim... Comentários desse tipo são muito mais comuns do que imaginamos. Eu diria que são epidémicos! A ‘síndrome do coitadinho’ atinge a todos nós seres humanos em algum momento de nossas vidas, o problema é que muitas pessoas fazem desses momentos verdadeiros lemas de vida.
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No ambiente de trabalho essa síndrome é ainda pior, pois ela contamina não apenas quem se alimenta dessa auto-depreciação, mas, também, bloqueia a sinergia do grupo que deixa de ter um participante activo e passa a ter que carregar um ‘peso morto’.
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O coitadinho é aquele que não fez o seu dever de casa, ou seja, como ele não consegue dar valor a si próprio exige que os outros o façam.
Aqui reside o grande paradoxo desse comportamento, pois embora a pessoa atribua a si mesma pouco valor, ela acredita ser merecedora de uma grande atenção do seu meio.
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Esse tipo de atitude mental vicia a própria pessoa e algema as demais.
Vicia quem a nutre, pois o coitadinho sente prazer em ser o desprotegido, o perseguido e o abandonado por todos. Algema os que estão à sua volta porque o coitadinho é muito hábil em jogar culpa sobre todos aqueles que são mais felizes ou que possuem mais do que ele, assim, ele clama: “Vejam a minha condição! O meu chefe persegue-me, os meus pais não me amam, eu nunca sou promovido, não consigo ter namorado(a) ou ser feliz na minha relação a dois!”
Frases assim proporcionam um verdadeiro orgasmo mental para o coitadinho, aliás, essa é uma das poucas, senão a única forma de pessoas com esse perfil sentirem prazer.
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Eu me atrevo a comparar o coitadinho com o sovina, através da fábula de Esopo, século VI a.C.:
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“O sovina, querendo proteger seu património, vendeu tudo o que tinha, transformou numa barra de ouro e escondeu num buraco no chão, e ia sempre lá ver como estava. Isto despertou a curiosidade de um de seus operários que, desconfiando haver ali um tesouro, assim que o patrão virou as costas, foi até lá e roubou a barra. Quando o sovina voltou e viu o buraco vazio, chorou e arrancou os cabelos. Mas um vizinho, assistindo a essa extravagante tristeza e sabendo o motivo disse: “Não te angusties mais, pega numa pedra e coloca-a no mesmo lugar, e pensa que é a tua barra de ouro; pois, como não pretendias usá-la nunca, vai-te servir tão bem quanto a outra.”
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"O valor do dinheiro não está na sua posse, mas no seu uso.”
Do mesmo modo o valor da vida não está em tê-la, mas em como a utilizamos.
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É preciso estarmos alertas para não desenvolvermos esse tipo de atitude mental pois sovinas desse tipo não enterram apenas dinheiro, como na nossa fábula, enterram também qualquer possibilidade de felicidade e realização, e não percebem que uma dificuldade ou um fracasso podem ser grandes ensinamentos.
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Os coitadinhos, com o tempo, costumam desenvolver outros sintomas da ‘doença’, passam a ser invejosos, infelizes, piegas e dignos de repulsa, pois
não agregam, subtraem; não amam, são egoístas.
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Profissionais com esse perfil, quando identificados numa empresa, devem imediatamente ser requisitados a procurar ajuda, antes que afoguem todos os integrantes da equipe de trabalho em seu mar de lágrimas.
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Autora: Lígia Guerra

2 comentários:

Anónimo disse...

Fresquinha:
Ajuda-me a resolver a minha vida.. Eu gosto muito da "mulher do próximo"...mas gosto da colher também...

Fresquinha disse...

Lá terás que ver os dois ! Sabes ..vou tentar converter A Colher num blog de culinária, saúde e bem estar ....Nessa altura é fácil !

Beijo grande. Tinhamos todos saudades tuas.

Para quando um daqueles poemas lindos para eu publicar ????? Agora, enfiáste-te no postigo e não há quem te veja !