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A Sua Eminência o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa
Campo de Santa Clara
Mosteiro de S. Vicente de Fora
1149-185 LISBOA
Lisboa, XX de Janeiro de 09
Campo de Santa Clara
Mosteiro de S. Vicente de Fora
1149-185 LISBOA
Lisboa, XX de Janeiro de 09
A Sua Eminência
Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa
Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa
Chamo-me Tânia de Saint-Maurice Correia de Matos Capela Ferreira, tenho 42 anos, casada com Paulo Capela Ferreira. Sou mãe de família, até há pouco, de dois rapazes, o Pedro, mais velho, de 18 anos, e o David, de 16 anos. Com o meu marido temos procurado dar uma educação esmerada aos dois.
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Mas, infelizmente, no dia 26 de Janeiro, o nosso filho Pedro suicidou-se. Não sabemos porquê, não houve sinais e, se os houve, não os soubemos ler. Confrontamo-nos com a inelutável e irreparável perda do nosso filho.
Mas, infelizmente, no dia 26 de Janeiro, o nosso filho Pedro suicidou-se. Não sabemos porquê, não houve sinais e, se os houve, não os soubemos ler. Confrontamo-nos com a inelutável e irreparável perda do nosso filho.
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De uma forma consensual, eu e o meu marido decidimos que os nossos filhos seriam baptizados se assim o quisessem, com plena consciência desse acto tão sério e responsável. Teria de ser uma decisão deles. Somos casados pela Igreja, decisão da nossa inteira responsabilidade e convicção religiosa.
De uma forma consensual, eu e o meu marido decidimos que os nossos filhos seriam baptizados se assim o quisessem, com plena consciência desse acto tão sério e responsável. Teria de ser uma decisão deles. Somos casados pela Igreja, decisão da nossa inteira responsabilidade e convicção religiosa.
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Tal como nesse tempo em que procurámos a benção de Deus, agora, mais do que nunca, nestes momentos de imensa dor, precisávamos dela. Que Deus está connosco é uma certeza interior. Mas os representantes da religião que professamos, insensíveis ao nosso sofrimento, recusaram oficiar essa benção. Tendo a agência funerária, na minha presença, contactado o padre X da paróquia de Alverca, onde vivo, este recusou-se a fazer o funeral, tal como outros padres que alegaram não poder entrar na jurisdição do primeiro. Todos se negaram a acompanhar o Pedro à sua última morada.
Tal como nesse tempo em que procurámos a benção de Deus, agora, mais do que nunca, nestes momentos de imensa dor, precisávamos dela. Que Deus está connosco é uma certeza interior. Mas os representantes da religião que professamos, insensíveis ao nosso sofrimento, recusaram oficiar essa benção. Tendo a agência funerária, na minha presença, contactado o padre X da paróquia de Alverca, onde vivo, este recusou-se a fazer o funeral, tal como outros padres que alegaram não poder entrar na jurisdição do primeiro. Todos se negaram a acompanhar o Pedro à sua última morada.
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Eu, toda a família e amigos, vivemos humilhados estes momentos, sem compreender tão grande crueldade vinda de ministros de Cristo. Alegaram que ele não era baptizado, mas é fraco argumento. Todos temos participado em funerais religiosos de pessoas nas mesmas condições e nunca vi uma atitude desta natureza. Não é esta uma prática anterior ao Concílio Vaticano II?
Eu, toda a família e amigos, vivemos humilhados estes momentos, sem compreender tão grande crueldade vinda de ministros de Cristo. Alegaram que ele não era baptizado, mas é fraco argumento. Todos temos participado em funerais religiosos de pessoas nas mesmas condições e nunca vi uma atitude desta natureza. Não é esta uma prática anterior ao Concílio Vaticano II?
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Na ausência de um padre, fiz eu uma prelecção, porque era vital para o Pedro e para todos nós. E depois, com muito amor, rezámos a oração que o Senhor nos ensinou. Eram largas centenas de jovens, colegas e amigos do meu filho Pedro, que, num silêncio impressionante, nos acompanharam. Deus esteve connosco. Em Seu nome, os representantes da religião católica estiveram ausentes.
Na ausência de um padre, fiz eu uma prelecção, porque era vital para o Pedro e para todos nós. E depois, com muito amor, rezámos a oração que o Senhor nos ensinou. Eram largas centenas de jovens, colegas e amigos do meu filho Pedro, que, num silêncio impressionante, nos acompanharam. Deus esteve connosco. Em Seu nome, os representantes da religião católica estiveram ausentes.
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De uma Igreja assim não precisamos. Não poderá Vossa Eminência obviar a que tais situações se repitam, de forma a que honremos a memória dos nossos mortos e a família não seja tão barbaramente excluída da consolação que Jesus prometeu?
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De uma Igreja assim não precisamos. Não poderá Vossa Eminência obviar a que tais situações se repitam, de forma a que honremos a memória dos nossos mortos e a família não seja tão barbaramente excluída da consolação que Jesus prometeu?
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Com os melhores cumprimentos
Tânia
Tânia
4 comentários:
lamento muito. tudo. sinceramente.
Incrível. Cristã sou, mas não pertenço (orgulhosamente) ao Clube do Vaticano.
À multinacional ...
Obrigada pelo teu apoio.
Continuo (e continua) profundamente cristã. Sempre. Devemos ter compaixão pelos pecados da Igreja. E sabermos perdoar porque perdoar é Divino. (Estou a tentar ...)
Sem-se-ver,
Obrigada pela solidariedade. Cá estaremos para enfrentar a estupidez dos homens ...
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